Famílias estão a ficar com os idosos em casa para equilibrar o orçamento
Notícia original: Ana Cristina Pereira e Catarina Gomes
A tendência nota-se em hospitais e lares. Com o desemprego a subir, há cada vez mais pessoas com tempo para cuidar dos idosos e que precisam da reforma destes para subsistir.
Apenas uma de muitas histórias.
Quando o pai foi internado, a filha pediu ao hospital que o colocassem numa instituição: ele estava muito dependente. Estava desempregada e, ao perceber que teria de abdicar da reforma dele, mudou de atitude. Recusou tudo o que lhe foi proposto pelos serviços, desde o lar aos cuidados domiciliários. "Era uma reforma razoável e a senhora era divorciada e tinha um filho para criar. Não podia prescindir do pai, levou-o de novo para casa", lembra a directora da área de apoio social do Centro Hospitalar de Lisboa Central, Augusta Lopes.
Muitas famílias com idosos internados passaram a mostrar disponibilidade para cuidar deles em casa. O desemprego deixou alguns membros com tempo livre e a reforma dá jeito para compor o orçamento, explica Edmundo Martinho, presidente do Instituto de Segurança Social. Não tem uma estatística - um estudo. Tem "ecos que chegam daqui e dacolá".
Manuel Lemos, presidente da União de Misericórdias, gostava que atrás destes casos estivessem apenas sentimentos "virtuosos", mas teme que o dinheiro fale mais alto. "Há famílias inteiras desempregadas que só vivem da reforma do idoso", lembra Augusta Lopes. "A necessidade obriga a isto. Não tenho força para criticar as pessoas."
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A realidade é realmente o espírito de sobrevivência. Infelizmente cada vez há mais pessoas desempregadas e para sobreviverem e manterem os bens, estão dispostos a agarrarem a uma bóia de salvação. Neste momento de crescente desemprego, inflação, aumento de juros e incertezas no futuro. Os idosos em casa podem ser a salvação de muitas famílias, mas para o idoso isso pode ser um pesadelo, principalmente se ele está consciente do que se passa a sua volta.
Na maioria dos casos não é o amor da família do idoso que os motiva e isto pode custar muito caro aos idosos. Uma vez que recebido a reforma, o idoso poderá ficar ao abandono e receber maus tratos.
Lembro-me da história de uma família de etnia que no dia da reforma, levavam sua mãe que estava numa cadeira de rodas até a “caixa”, para levantarem o dito dinheiro através de um documento que tinha que ser assinado pela própria.
Uma vez assinado o documento, a sua reforma era posta em dinheiro nas suas mãos. Esta pobre senhora só tinha o dito montante até há escassos metros de distância da instituição, pois aí as coisas mudavam de figura. Seus quatro filhos atiravam-se a ela como lobos, tirando-lhes o dinheiro e repartindo igualmente entre todos e por fim deixavam-na sozinha e sem dinheiro tendo que voltar sozinha e pelo seu próprio esforço para casa.
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