terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Comércio tradicional condenado

Imagem de. inlisboa
crítica na aldeia

O comércio tradicional está condenado e esta situação é vivida em todo “Portugal”, sendo os centros históricos os mais afectados,

As principais ruas das velhas cidades cedem sobre o peso dos anos, do abandono e da desertificação dos centros históricos. As novas tecnologia e os melhores acessos a capital, tornaram cidades como Santarém em dormitórios, pelo menos a “PERIFERIA”, pois as casas do centro histórico, encontram-se degradadas e em ruínas.
Hoje, Santarém vive um clima de férias. Já estamos em Fevereiro e a cidade está deserta. Mau acabou o ano de 2010, foram logo despedidos empregados das lojas. Motivo: Extinção de postos de trabalhos.
Fala-se em extinção de cerca de 60.000 postos de trabalho e também cerca de 60.000 estabelecimentos fechados para este ano de 2011.

Falando com alguns comerciantes da cidade de Santarém, percebe-se logo a preocupação e a gravidade da situação. Muitos desses comerciantes apresentam prejuízo todos os anos, alguns deles prejuízos na ordem dos 30.000,00 euros ano.

O facto do comerciante não ter direito ao subsídio desemprego, prejudica gravemente a qualidade do comércio, muitos desses empresários estão ali apenas fazendo tempo de serviço para poderem requerer a aposentadoria.

Quanto aos seus filhos, os pápas, os velhos comerciantes só investem num negócio se houver subsídios. Se não houver não há investimento. Ficando assim os filhotes em casa agarrados ao canudo "UNIVERSITÁRIO", vendo o GOUXA e aJÚLIA na TV. Sai mais barato, ou então criando um posto fíticio de trabalho para fazer os descontos da segurança social e daqui a alguns anos fazer o despedimento para que este possa beneficiar do subsídio do desemprego.

Essas atitudes prejudicam a inovação e investimentos de novos investidores nos centros históricos. Sendo assim nada desenvolve, o património degrada-se porquê o senhorio recebe uma renda de fome e o empresário não investe porquê o imóvel não é dele e este acha que é o proprietário que tem que arcar com as despesas.

Quanto ao centro histórico como hipótese de dormitório está totalmente fora de questão, os antigos inquilinos não habitam e nem entregam as casas aos senhorios. Estes não têm dinheiro e nem pachorra para gastarem balúrdios num processo nos quais eles sabem que ganham, mas que duram anos e sai demasiadamente caro, tendo como vitória final um inimigo para toda a vida e o imóvel sem condições de alugar.

Quanto aos antigos inquilinos, sejam eles lojistas ou moradores, todos estão a espera de uma indemnização para entregarem as chaves ou um trespasse pela porta do cavalo.

Quanto aos poucos vendedores da cidade velha:
Respostas: Não há clientes! Ninguém entra nas lojas nem para perguntar alguma informação.

Passando pela rua dos “CORREIOS” (Ernesto Dr. Teixeira Guedes e Guilherme de Azevedo), nota-se uma grande diferença, pode-se quase atravessar a cidade pelo meio da rua sem se preocupar com os carros, coisa que era impossível a alguns anos atrás.

Os logistas estão nas portas dos seus estabelecimentos a conversarem com outros que partilham da mesma situação. Existem suspeitas, que muitos dos comerciantes já simularam assaltos nas suas lojas para receberem o dinheiro do seguro, assim como senhorios que tentam deitar fogos nas suas casas para activar também o seguro, mas até agora nada disso foi provado.

Nas calçadas, vemos montes de buracos e afundamentos causados pelo estacionamento abusivo de viaturas, forçando muitas das vezes o pedestre a atravessar pelo meio da rua. lembramos aqui que estes buracos são responsáveis pela queda de muitos idosos, sendo estes, muitas das vezes ficarem com ossos partidos e graves fracturas.

A rua direita (Serpa Pinto) que antes era uma das ruas mais cobiçadas de Santarém, têm hoje diversas lojas fechadas que estão a disposição do arrendamento sem trespasse e com rendas muito inferiores ao que dantes era pedido.

Na rua Capelo Ivens, encontramos algumas lojas fechadas. Algumas delas chegaram a estar arrendadas por 2.500,00 euros mês. Outras sobrevivem por teimosia, são lojas que não declaram os seus verdadeiros lucros, geralmente prestadores de serviços. Muitas dessas lojas pagam de renda valores entre 20,00 á 50,00 euros

Não a muitos anos, o trespasse nas principais ruas da cidade andavam em torno dos 100.000,00 euros, valor este que não era declarado as finanças e as rendas de algumas lojas andavam em torno de 4.000,00, principalmente as arrendadas aos chineses.

Outros trespassavam por muito dinheiro com a condição do novo arrendatário pagar rendas baixas, usufruindo assim dos antigos contractos. O senhorio na maioria dos casos é obrigado a ceder, pois o acordo por meia dúzia de tostões é a única forma de ir buscar mais alguns trocos, enquanto o antigo inquilino abocanha alguns milhares de euros sem declarar.

Resultados: O prédio fica na mesma, degradado e a cair.


O comércio tradicional está condenado, infelizmente para os poucos moradores do centro histórico. O peso da crise, do desemprego, do atraso e das muitas exigências das autoridades responsáveis pelo funcionamento do mesmo.

Os economistas não vêem melhoras, pelo menos nos próximos anos. O agravamento nos salários e o desemprego crescente são realmente o ponto mais crítico da situação.
A outra vertente é o aumento da criminalidade, factor notório nos centros históricos por todo o país. Nas casas abandonadas e fechadas do centro histórico, são constantes os arrombamentos pelos sem abrigos que procuram um lugar para se refugiarem e outros para se drogarem, aumentando assim o risco de incêndios.

Para salvar estas velhas cidades que têm história e significado.
Temos que mudar de estratégia e trabalhar muito mais se quisermos salvar os centros históricos. Não é com horário das 10.00 horas as 19:00 que vamos mudar mentalidades e não é fechando o comércio aos Sábados as 13.00 horas e Domingo o dia todo que vamos atrair clientela. Devemos seguir o exemplo de Óbidos e para isso também precisamos da ajuda das autarquias.

Por exemplo:
Manter as bibliotecas abertas e os lugares de cultura também, oferecendo aos jovens oportunidades de usarem a Internet Sábados e Domingos, criarem espaços e vendas de artesanato e produtos biológicos junto as ruas e locais centrais, para isso fechando parte do centro histórico, se isso fosse feito ajudaria também a preservação dos edifícios da cidade. Já seria um bom começo.

Nenhum comentário: